22.3.11

música de vó

Oi trem, oi lará
roda, roda inté cansar
um vintém bateu no outro
Fez tirim tirim tatá

Hoje me lembrei da minha avó cantando essa música.
Não me lembro direito da situação específica, mas consigo sentir a sensação exatinha de ser algo ligado à crianças pequenas ou à alguma festinha que ela fazia para as crianças que estavam por perto quando estava alegre de ver a casa cheia de netos. Sabe aquele trejeito de adulto quando está perto de alguma criança?
Eu sempre gosto de observar adultos com crianças. O comportamento muitas vezes é surpreendente. Aquele homem agressivo, arrogante e dono da verdade, às vezes vira um ser engraçadíssimo e cheio de encantos perto das crianças. E geralmente, também é adorado por elas. O moço que sempre senta num canto, é rígido consigo mesmo e certinho, se transforma num doce espontâneo que as crianças sempre podem contar quando necessitam da ajuda de alguém maior que eles. Enfim, muitas são as facetas dos adultos, inclusive aquelas que indicam que eles já foram crianças.
E minha avó é a espontaneidade em pessoa. Uma criança num corpo de adulto. A coisa mais linda que já se viu por aí. E não é porque é minha avó, não. Tem admiradores por todas as partes.
Mas eu só vim aqui porque, mesmo estando do outro lado do oceano, estava na correria cheia de coisas pra fazer quando de repente minha avó cantou essa música na minha cabeça. E sem querer e nem pensar, eu parei o que estava fazendo e disse alto: É isso.
Não entendo completamente o que se passou, só sei que vim correndo consultar no Google para saber se havia registro e referências dessa música. Alguma coisa podia dar. Mas não achei nada.
Vim aqui, então, fazer essa conexão com a minha avó, matar a saudade dela que é a maior de todo mundo que deixei lá no Brasil e guardar na memória, minha e dessa coleção, mais um pedacinho de infância.

Quando der, ponho ela cantando essa música pra mim aqui. Vai dar pra gravar pela webcam. É que o marido dela de 91 anos, meu avô, tem uma conta no skype e me liga de vez em quando.