Essa eu inventei e brincava sozinha.
Pegava um espelho relativamente grande que tinha lá em casa, mas que eu conseguia carregar com as minhas mãozinhas de criança, e segurava ele encostando-o sobre meu peito e refletindo o teto.
A brincadeira consistia em andar pela casa olhando somente para o reflexo do espelho, contornando cuidadosamente todos os obstáculos como lustres, batentes de portas e janelas e não esbarrar em nada do que eu via.
O legal de tudo isso era sentir um mundo diferente do que o mundo que eu estava vendo e vice-versa, porque sempre esbarrava em um sofá, um sapato no chão, a cama e outros móveis realmente existentes no espaço por onde eu andava, mas não via. E pulava lustres e batentes que eu via, mas não sentia.
Adorava a sensação de contraposição entre o realmente sentido versus o realmente visto.
Espelhos realmente podem ser mágicos. E eu passava horas me deliciando nesse mundo inventado por mim.
3 comentários:
Hahaha essa é a melhor brincadeira.
Eu tinha uma que era seguir as formigas do quintal da minha casa, às vezes, elas iam longe, longe...
Tan! isso dá um poema, um filme e um livro...
Essa brincadeira sua, Juliana, é existencialismo puro.
Postar um comentário